quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O ANJO E O DEMÔNIO III























    O promotor e o réu


Olhe-me nos olhos,
enfastiado de ser livre,  abreviado de cárcere ,

no soar das trombetas e sua labaredas de fogo,
és meu espirito se desprendendo de minha pele,
esvaziando vorazmente o meu corpo,

e isto me faz levitar,

sobre o olhar acusador,
o promotor e o réu,
entre provas incendiadas
nas planícies desertas do céu,

condene-me,
eu não pertenço a isto aqui,
nenhum anjo virá,

em sentimentos despojados
fui desamparado no olhar do esquecimento,
seus lamentos aperfeiçoam o meu leito em pétalas,
a evidência de que esteves aqui,

e isto me faz levitar,

aos ouvidos como se entendesse,
ao toque que se estendesse as mãos súplicas vazias,
nenhum anjo virá,
eu não pertenço a isto aqui.



LEANDRO OCSEMBERG

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