terça-feira, 27 de março de 2012

POESIA MORTA



















Simples poema
escrito nas veias da vida,

borrado, rasgado e esquecido por entre linhas,

um pequeno parágrafo
de leve toque sem rima,
é a dor da perda que faz assim,

lá vem ela tomando conta de mim,
desfila pelas vielas, cantos insolentes
e esquecidos pela escuridão,

e lá pelos anos cinquenta
sua ditadura era só o brilho das rosas,
no encanto pelas ruas e nos olhares de belas senhoras,

abana o rabo, pobre cachorro abandonado,
sem dono, ou coleira no pescoço,
é apenas mais uma vitima do descaso,

pobre poeta que escreve na guerra
mais uma de suas belas emoções,

sem saber o impacto da bomba
fala de soldados sorridentes na canções,
e de um general com medo de mais uma baixa na sua rendição,

querendo voltar para casa nos jogos de figurinhas
que seus netos ainda o chamam na sala ou no sotão,

se apressa na varanda para ler o jornal
e balançar na cadeira na paisagem de sua admiração,


um pequeno parágrafo
do leve toque sem rima,
é a dor da perda que faz assim,

na poesia morta escrita do inicio ao fim.







LEANDRO OCSEMBERG




segunda-feira, 26 de março de 2012

NAS LÁGRIMAS DE CRISTO





















Ouça estas lágrimas,

recuar suas mãos agora e deixar para morrer no mar
toda a certeza que um dia fez da esperança sua fé,

ele vive em cada raio do sol
e surge levemente em cada pingo da chuva,

como vento no rosto,
sua palavra é um remédio contra o desgosto,

diga em seu nome
e cada montanha se move,
sem trincar qualquer parte de suas vestiduras,

deixe-se livre para voar
nenhuma prisão é tão segura
quanto o seu próprio coração,

nenhuma dor é tão real
quanto a dor que você mesmo planta
nas irrigações que lhe trazem sobre a mesa dos enganadores,

nenhum acordo entre a paz e a guerra foi assinado,
e ele apenas quis um simples e forte abraço,

sua verdade é amor e paz
e não um simples contrato, comercial ou bancário,

nenhum caminho, nenhuma fantasia para nos salvar de nós mesmos,
coincidência?, ou mero acontecimento do acaso?,

não sei por que ainda canto, e vivo sorrindo,
de um lado triste, do outro pela mentira atingido,

por cima vivo de esperanças,
por baixo em uma terra insana sou pisoteado,

mas através do carinho encontro o motivo
pelo qual estou indo, pelo qual sei que sou amado.





LEANDRO OCSEMBERG.

NO JARDIM DO ESQUECIMENTO


























É o mesmo sorriso
queimando nos olhos,

lágrimas secas sopradas na noite,

passando sobre o fogo
o fino linho na caída do corpo,

sombrio e horripilante, raios desenhados
nos fios elétricos ligados no chão,

dentro da noite
conte-me uma história de dormir,

são contos religiosos ou pura imaginação,
contos mentirosos, gloriosos do mal que há em mim,

o trono está despedaçado
em um reino encantado de um rei enganado,

conte-me essa história
para que eu seja livre de si mesmo,

a dor que me serve, serve para você,

dentro da noite
empurre-me do alto do penhasco,
eu irei cair no medo que te faz vivo,

este vento é uma possessão do mal,
e minhas asas não se abrem,

sua cadeia alimentar, seu transe,
nos jogos manipuladores sem chance de vencer,

as armas que me ferem, ferem há você,

dentro da noite,
conte-me aquela história,
aquela velha história de possessão,

por que a caixa de surpresa que te esconde
é a mesma que embalará minha única visão,

no jardim do esquecimento.




LEANDRO OCSEMBERG

domingo, 25 de março de 2012

O ESPELHO DA DOR





















Abraça-me,

é uma noite fria e solitária,

são caminhos divididos
que nos levam na mesma direção,
são desejos infinitos que bombardeiam nosso coração,

que razão temos para amar
se o amor torna-se um redemoinho?,

qual a razão de estarmos aqui?,
tão distante do paraíso, em caminhos divididos,

eu vejo o amor entre as vegetações,
entre seus animais e suas paisagens deslumbrantes,
mas não sinto como vejo entre a semelhança da criação,

é uma triste construtividade humana,
é uma simples lágrima de criança
no desespero ao perde-la,

única, voraz e sedutora, vida,
quem ao menos diria que valeria vencer,
se toda vez que o espelho reflete as feridas que nós mesmos causamos,

e só por que já esta perdido antes mesmo do fim,
não poderia negar a si mesmo, pobre diabo que se matou,
em seu próprio sangue a verdade vomitou,

eu vivo sofrendo no seu sorriso,
e morrendo nas suas alegrias,
mas no meu ultimo suspiro saberei,
quem é o verdadeiro dono de cada vida.



LEANDRO OCSEMBERG

JUSTIÇA OU VINGANÇA


























Pobre garoto,

trocou a matemática pela química,
toda a sua soma é um resultado trágico
amor x ferida,

conviveu no inferno,
escreveu armas arquitetadas no fogo e no ferro,
sobre o sistema que feriu sua alma,
perdido no tiroteio, balas de fuzil,
por uma brecha escapou, brasileiro cidadão do brasil,

abençoados, aqueles que sentem maldade e não a praticam,
como poeta, como menino amante da paz eu sigo,
mas as vezes me distingo do tamanho do perigo,

uma faca na garganta,
uma arma de fogo na mão de uma criança,
que mão é tão pesada para acertar os erros?,

justiça ou vingança?
duas portas e uma razão,
dividido em dois, pobre coração,

nunca irá saber esta verdade,

mil pedaços de mim
em grão de sentimentos,
escrito na porta do fim, lá esta,
o baú de todos os nossos medos,

pobre poeta sonhador da paz,
desenha, escreve e delata todo o desejo
que um dia jaz vivo,

mas se entrega aos medos destinados pelo destino,

eis que é assim, ama há toda hora,
fala de dor, escreve sobre o amor
mas na batalha se esquiva, e se forja,

armaduras do fruto da dor,
veste sem medo algum pelo mundo e suas ventanias,

mas se acuou no castelo que ele mesmo inventa,
castelo que ele desenha e faz de sim uma tormenta,

tormenta que na paz se revela.




LEANDRO OCSEMBERG

ESPIRÍTO SANTO





















Julgue-me,

que olhos podem enxergar a verdade?,
o pior medo é deixar de viver,

eu irei chorar novamente
no mundo de pecado inventado,
eu irei caminhar até o fim e cair
no esquecimento dos seus lábios,

toque-me,
na distancia das estrelas,
há um lugar para nós,
sem vento, sem feridas,

leve-me,
santo espirito que viaja por entre as nuvens
do céu que chora todas as nossas angustias,

e nós viveremos novamente
tudo o que está escrito,
e nós voltaremos a semente regrada nas lágrimas de meninos,

tristes palavras
constroem uma masmorra de perdição,
pequenas palavras de grandes ondas devastadoras,

eu sei, nós iremos perdoar novamente
e seremos livre para errar novamente
querendo alcançar as estrelas,

espirito cavalgante e guerreiro,
lance sua luz sobre mim,
sua presença é sentida no fim,

e eu viverei novamente,
e eu terei novamente a pureza que faz do coração
o ceifador das purezas a vida,

no oceano que banha as feridas cicatrizadas no inverno.






LEANDRO OCSEMBERG

quinta-feira, 22 de março de 2012

QUEM GOSTA, SABE



























Há quem goste de amar
mas não sabe ser amado,
deseja o amor para si
mas para outros o torna negado,

há quem sabe respeitar e dar valor
em simples palavras,
deseja ouvir a verdade
mas a falsidade sempre declara,

há quem sabe curar feridas
e dor não planta,
deseja ser feliz mas aos prantos
a vida alheia difama,

há quem sabe sorrir
e simplesmente nega as mentiras,
gosta de se iludir e destruir
nos outros suas fantasias,

há quem fala de Deus
e declara seus milagres,
gosta do amor e da paz
mas vive falando bobagens,

há quem gosta de saborear
o ar puro no rosto, livre pelas montanhas,
mas sabe muito além do que tem no desgosto
sua pura e ingênua infâmia,

quem sabe de verdade
gosta de sentir na alma o puro espirito da alegria,
não julga os outros, não condena como louco a imagem de sua vida,

quem sabe gosta e pratica o bem,
quem não sabe esta fingindo e tentando ser alguém.





LEANDRO OCSEMBERG

NO RASTRO DO AMOR


























Quantas vidas perdidas
se foram em nossas vidas?,

e de todas as vezes que eu chorei
nenhuma lágrima foi imaginada,

partidas sem despedidas,
desilusões e suas armas podem me alcançar mas..

mas eu..
eu me agarro no rastro do amor,

são caminhos tortuosos batalhas diárias
e conflitos familiares nas horas que construímos,

feridas e dores indesejáveis,
desejos e sentimentos miseráveis,

mas eu..
eu me entrego no rastro do amor,


é fácil sentir quando se esta sozinho
completamente abandonado,

mas seu amor sempre vem e da um jeito
no coração triste, amargurado,

olhe quem chorou por mim
um pássaro cego pode ver,
se entregou ao fim,
e por mim no eterno irá viver,

por que no rastro deste amor
suas mãos me tocam levemente,
sou como alma carente precisando renascer,

cores vivas e tons apaixonados,
aquarela da vida é no olhar do crucificado,

sua nobreza vive em meu coração,
suas palavras trazem vida em tom de explosão,

na minha pele enrugada e carregada de sofrer,


no rastro do seu amor
eu vivo perambulando,

e pelo caminho vou encontrando
luzes brilhantes que me fazem um ser inspirado.




LEANDRO OCSEMBERG

quarta-feira, 21 de março de 2012

CARTA AOS PAGÃOS


























Não me pare agora,

eu não me importo se isto fere,

dias frios,
nenhum consolo, nenhuma dor natural,
são sementes de desejos ou lágrimas perdidas,

certa vez no vento eu ouvi dizer
que se deve ter compaixão a minha imagem,
pobre monstro que Deus criou,
uma cicatriz infortuna e desprezível,

eu não me importo de rasgar-me a pele,
nenhum deus se importara com esta correnteza de sangue,

por que eu nunca joguei minhas mãos contra o vento
para que ele pudesse levar minha raiva contra ninguém,

e eu nunca me esqueço que o ferro só fere a carne,
assim como é a rosa com seus espinhos,
ou pedra atirada sem razão ou sem motivo,

nada melhor que a morte para saber
que tudo não é nada, a não ser pelo nosso espírito,

nascemos por amor, dentro da dor que revive nossas ideias,

e eu não me importo se isto fere,
ou se minha pele se desfaz com os anos e anos,

as vezes é fácil entender por que somos uns piores que os outros,
e muitas vezes é difícil saber se realmente mudamos,
mudamos para nós ou para agradar os tolos,

e nada pior que as feridas para mostrar
que cada vez que o sol se põem no horizonte,
esta longe de entender se valeria a pena
morrer por alguém como já fora feito por nós,

eu não me importo se isto me quebra e me joga no abismo,
mas eu me lembro que certa vez foi dito:

"o ser humano é tudo, mas ele perto de tudo não é nada".






LEANDRO OCSEMBERG

domingo, 18 de março de 2012

MEU AMOR, MINHA DOR
























Amor, meu amor,

no silencio de seus lábios
não sinto a ventania,

na falta de seus braços
minha dor é em agonia,

amor, meu amor,
sua ausência me falta
como o sol que vem há distância,

seu colo meu manancial
de puro alto astral,
minha dor é lágrimas de criança,

bate o desejo
e a saudade se revela,
não é desespero ou um pingo de medo,
tempestade é a dor da aquarela,

amor, meu amor,
dona dos meus medos,
sinto agora o horror da solidão
que são como noites de pesadelos,

impulso magnético, sem freio e sarcástico
pobre coração que bate em suas mãos,
coração leviano e apaixonado,

basta um sorriso, e ele vive como menino,
eterno é estar ao seu lado,

amor, meu amor,
és sim no meu olhar a flor mais bela,
minha dor é a distancia como a estação da primavera,

botões de rosas,
em seus espinhos maltratados,
és minha dor a distancia dos seus braços,

amor, meu amor
que um dia fizeste de mim,
sou pobre garoto, por ti como louco
vivo no desejo do seu afago.




LEANDRO OCSEMBERG

sexta-feira, 16 de março de 2012

O DISTRITO DO DIABO





















A ciranda está girando,

marcas na pele, rugas de luta,
no prato da morte pouca escolhas,

por que a vida esbanja luxurias
em mãos estendidas no olhar cego do poder
por números ou pessoas,

dividido em mil pedaços,
pobre deus socorrista de agonias,
não ouve prece, não sente esta febre
que a sorte humana desenhou,

sem morte, não há vida,
honra, cartas e jogos de dados
Brasília, o distrito do diabo,

projetos mentirosos, ou pura enganação?,
é melhor assim, perfeição sempre um sonho sem fim,
enquanto me devasto na miséria pobre e inventada para lucrar,

um colar de sentimentos em linha de parágrafo ditado,
o paraíso é uma joalheria, ou um banco que já foi roubado,

o jardim das ideias jaz vendido, mas nunca trocado
por um fardo genial e esculpido, pobre monumento este meu coração,
carregado de bons desejos, pisoteado por defeitos inventados,
brinquedos, ovos carne e pão, miseráveis donos da população,

é um jogo de mentiras todo este jogo,
no tabuleiro de Brasília, o distrito do diabo
que vai induzindo todo este pobre povo,

ensaiando suas ditaduras teatrais,
miséria, ganancia e superioridade,
um voto põem no lugar do poder um rato,

rato roedor de carne humana,
rato conspirador e traidor que pune nossas infâncias,

convém arrancar-lhe suas vestes e lhe lavar o caráter,
mas não só a esta contaminada a alma e o espírito,
Brasília, o distrito do diabo, a terra do verdadeiro inimigo.





LEANDRO OCSEMBERG

ADMIRADOR




















Uma voz no vento,

distante no tempo,
um brilho no escuro,
levemente tocando a face do mundo,

nenhum sábio irá decifrar,

rio desaguam-te,
oceanos de miragens e suas canoas,
outra árvore frutífera nas areias do deserto,

garoando feridas cavalgadas,
céu feito mel, vinho fino tinto,
um brinde nas paixões e suas formosuras,

sem ninguém para chorar
nenhum anjo virá na noite estrelada,
seu criador está almejando seu olhar aqui,

outra face estranha, linhas quebradas e borradas,
fitam-te navalhada nas águas turbulentas da chuva,

nenhum sábio poderá se surpreender
sem ninguém para aplaudir suas travessuras,

olhos fechados, sem ninguém
para levar o amor por entre as florestas dos desejos,

rio desaguam-te,
oceanos de miragens e suas ondas
no céu pintado nos olhos do admirador,

sem ninguém para interromper a tempestade,
nenhum sábio irá permanecer nas colinas,

se veste de vento,
e purpuriza-se de terras brilhantes,
o sol é o brilho do diamante em seu folego,

mas nenhum anjo virá do céu,
até que seus últimos dias, sejam dias bons.




LEANDRO OCSEMBERG

quarta-feira, 14 de março de 2012

O HOMEM MENINO



















A vida é rotulada,

dentro do texto vivido, ou fora das palavras,
a vida é um deserto cheia de perigos,

minha mãe já havia me dito,
não é fácil desenhar a sorte nos muros,
muralhas que se põem como conflitos,

meu sangue não para,
seguindo o ódio e seu perfume,
mas eu não me perco, eu não me iludo,

eu ainda sou criança que brinca
com meus velhos brinquedos no quintal,
dentro dos muros do meu mundo,

e meu chinelo com o prego segurando a correia,
o mesmo que me levava para colher os finais de feira,
que escorregam nos meus pés, nos fins das tardes de temporal,

nunca foi difícil entender
por que eu sei sobre solidão,
eu nunca conheci o meu pai
e nunca tive essa tal pensão,

um brilho qualquer no olhar,
não, eu não estou falando de dinheiro,
e sim, estou reclamando da falta de sentimentos,

felicidade, muitos dizem sobre esse poder,
e eu pouco conheci sobre ela,
como o vento no rosto, eu soube na escola o que é sorrir,

uma mesa vazia, sem nenhuma migalha de pão,
a sala esta vazia, sem quadros, sem visitas,
viver não é só um mar de emoção,

poucos sobem até o alto da colina para ver,
e muitos voltam de mãos vazias sem o que ter,

realmente é preciso saber viver,

uma palavra de má sorte
cria grandes inimigos,
no fim do caminho a morte
tão certa e perigosa mas não assusta o homem menino,

ninguém disse que seria fácil,
ninguém disse que seria difícil chegar até aqui.





LEANDRO OCSEMBERG