Simples poema
escrito nas veias da vida,
borrado, rasgado e esquecido por entre linhas,
um pequeno parágrafo
de leve toque sem rima,
é a dor da perda que faz assim,
lá vem ela tomando conta de mim,
desfila pelas vielas, cantos insolentes
e esquecidos pela escuridão,
e lá pelos anos cinquenta
sua ditadura era só o brilho das rosas,
no encanto pelas ruas e nos olhares de belas senhoras,
abana o rabo, pobre cachorro abandonado,
sem dono, ou coleira no pescoço,
é apenas mais uma vitima do descaso,
pobre poeta que escreve na guerra
mais uma de suas belas emoções,
sem saber o impacto da bomba
fala de soldados sorridentes na canções,
e de um general com medo de mais uma baixa na sua rendição,
querendo voltar para casa nos jogos de figurinhas
que seus netos ainda o chamam na sala ou no sotão,
se apressa na varanda para ler o jornal
e balançar na cadeira na paisagem de sua admiração,
um pequeno parágrafo
do leve toque sem rima,
é a dor da perda que faz assim,
na poesia morta escrita do inicio ao fim.
LEANDRO OCSEMBERG