sábado, 5 de novembro de 2011

A FIGUEIRA E O ROUXINOL























Manipule-me,

queime meu espírito
em sua chama viva,

refaça-me o viver,

no céu alto e purificado
há uma razão para viver,

a morte brinda com a vida
ilesas e árduas feridas,

em um deslize das lágrimas
de joelhos sou todo seu,
cada segundo, cada suspiro
que sopra de minha vida,

abra-me os olhos
da cegueira estreita e longa
que corre no sangue do meu corpo,

o mesmo que o banha de prazer
e torna o pecado real em mim,

no riacho cristalino
a beira da figueira e o rouxinol,
o canto suave e perseverante,

na disparada assustada
de um coração, ponha sua mão sobre mim,

o guerreiro que não tem medo de morrer,
morrer por seu amor, tem medo de viver,
viver e carregar consigo a dor,

em minha última visão
fraca como luzes de velas,

olhe para mim, de joelhos
com os olhos carregados de medos
não deixe que minha alma venha flagelar,

eu preciso te abraçar do outro lado,

do outro lado da ponte.





LEANDRO OCSEMBERG.

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