Os portões estavam fechados,
em minha cadeira
vaga sobre a mesa,
olhares me
procuravam, sem sentido algum,
o giz escorregava
pela lousa,
ileso quadro verde
de letras borradas,
do lado de fora
grilos cantores
em meio fio de
mato do pátio,
e ela nem notou
minha ausência,
sabendo que eu
sinto falta da sua maneira de me encantar
em sua língua castelhana
de pouca rima,
a espera de um
toque na troca de aula,
para encontra-la
no corredor e olhar em seus olhos
para mais uma vez
levar para casa este desejo,
ela me encanta com
seu jeito sedutor,
seu olhar sempre
viveu nas estrelas,
mas suas mãos
sempre estiveram aqui,
eu costumava a
escrever rabiscos de amor
para coloca-los
sobre sua mesa,
uma maneira de
chamar sua atenção
e dizer que estou
largado por acaso,
pobre garoto
sonhador,
sentimentos
infantis
estão presentes
nas salas,
sentimentos
reprimidos
querendo se
apresentar nas linhas das mãos,
linhas que seguram
minhas direções
e deixam marcas no
corredor para sentir de novo
o desejo de vê-la
passar em meu olhar aprisionado,
ela costumava a me
olhar como se eu fosse diferente,
um sorriso lindo,
um corpo quente,
nas cores que nos
separam,
nos rabiscos de
rima fraca e apaixonada
pouca tinta não
faz diferença nos papeis,
mas eu vou olhar
de novo em seus olhos
até que nossas
mãos andem juntas,
e nossos pés
estejam firmes no mesmo caminho.
LEANDRO OCSEMBERG