sábado, 29 de março de 2025

MILAGRE



Pedras ensanguentadas

Lançadas contra a carne do tempo,

Entre o martelo da justiça e a bigorna do destino,


Peles ressequidas, sepultadas em esquifes mudos,

Traçam um coração ornado como um mausoléu,

E sob o véu de lágrimas errantes,

O Olhar eterno vigia, incansável,


Ele inscreve o justo e o torpe

Em tábuas que o mundo não lê,


Enquanto a terra se contorce e se desfaz,

Rachada por mãos cegas,


A noite desce gélida,

E eu, peregrino faminto,

Busco o prodígio flamejante,


Aquele que acenderá paz sobre os escombros,

Sorrisos frágeis, esculpidos em cinzas,

Afogam-se em abismos de melancolia,


Eis o que se oculta sob o disfarce do século:

Uma máscara rota, um grito silente.

E eu, ainda, clamo por um milagre,


A chama que trará amor às ruínas,

Que revele o amanhecer

Onde o fim se curva ao princípio.


Leandro ocsemberg