Lançadas contra a carne do tempo,
Entre o martelo da justiça e a bigorna do destino,
Peles ressequidas, sepultadas em esquifes mudos,
Traçam um coração ornado como um mausoléu,
E sob o véu de lágrimas errantes,
O Olhar eterno vigia, incansável,
Ele inscreve o justo e o torpe
Em tábuas que o mundo não lê,
Enquanto a terra se contorce e se desfaz,
Rachada por mãos cegas,
A noite desce gélida,
E eu, peregrino faminto,
Busco o prodígio flamejante,
Aquele que acenderá paz sobre os escombros,
Sorrisos frágeis, esculpidos em cinzas,
Afogam-se em abismos de melancolia,
Eis o que se oculta sob o disfarce do século:
Uma máscara rota, um grito silente.
E eu, ainda, clamo por um milagre,
A chama que trará amor às ruínas,
Que revele o amanhecer
Onde o fim se curva ao princípio.
Leandro ocsemberg
